Era uma vez, no Niassa
Um dia em Marrupa, no Norte de Moçambique, Distrito do Niassa.
Um dia, saído do AB6, em Nova Freixo, cheguei a Marrupa, num T6. Era 6 de Abril de 1968. Já não tenho a certeza quem foi o Piloto. Mas, tenho a certeza que, durante algum tempo, me ia adaptando a Marrupa, especialmente à selva "savánica" em volta e as suas lânguas. Primeiro acompanhado e, como as companhias começaram a falhar (andar não era bom para todos), ia caminhando apenas só, com os nossos rafeiros. Os meus amigos Zorba, Diana e Bolinhas.
Preparado para tudo que eventualmente desse e viesse de fora da cerca do arame farpado, resolvi fazer uma limpeza da secretária do Posto de Rádio onde trabalhávamos. Comecei por retirar todos os papéis ali deixados pelos meus antecessores, colocando no cesto dos papéis os que não tinham interesse e arrumando todos aqueles que teriam justificação. Entre eles estavam alguns que nos ensinavam muito sobre as populações de Moçambique, especialmente as do Norte: Macuas-Lomués, Makondes e os Ajaúas do Niassa, outros que nos proibiam de cantar certas canções como, por exemplo, o Hino do Lunho.
Contava-se ali, também, a história da morte do Tenente Malaquias, cujo indicativo de guerra seria Ana, o nome, se a memória não me falha da sua filhota. Não me recordo bem disso, pois ele teria sido abatido no ano anterior (Outono?) de 1967. Portanto, muito tempo antes de eu chegar a Marrupa.