Aos Duros do Niassa
Sou o Goldfinger!
Lembram-se de mim?
Eu regressei ao Planeta Terra, pelas mãos do Ventor, para vos saudar.
A todos os Duros do Niassa que conviveram comigo, por aquela terra linda a que chamávamos Vila Cabral, actual Lichinga, o meu abraço.
O Ventor quer que eu o acompanhe por aqui para permanecermos, juntos, a vosso lado.
Eu fui um cão feliz enquanto convivi convosco, mas já nessa altura sofria muito. Todos vocês chegavam e partiam num ápice. Eu arranjava amizade convosco e depois perdia-vos! A Leoa dizia-me: "deixa-os ir Gold, assim como assim, não nos ligam"!
Mas eu sei que ligavam e sei que, caladinhos, choravam, ao partir, enquanto eu chorava sempre ficando para trás.
Depois, bem, depois, nem vos conto! Apenas, vos digo o que disse ao Ventor! Vieram os outros e mataram-nos, descarregando sobre nós, sobre mim e os meus companheiros, pobres animais, as suas frustrações terroristas! Não, não tenham vergonha! Era assim que lhe chamavam, lembram-se?
Eu tive muitos amigos, cada um de vós era um amigo, mas chorei pelo Ventor e sei que o Ventor chorou por mim.
De momento, aproveito para vos saudar, mas voltarei para conversar convosco!
Vila Cabral, 1969, travões ao fundo!
Lembro-me de correr ao lado do Ventor para chegarmos rápido. O Leiria da Torre, na frequência civil, avisou que os céus estavam disponíveis e podiam avançar. O avião da frente não ouviu a mensagem e o de trás ia para cima dele. Para evitar danos maiores, travões ao fundo e afucinhou!
Olá, Duros!