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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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06.08.18

Agapornis - os inseparáveis do Niassa


Quico e Ventor

Isso mesmo! Coisas lindas. Uma espécie de mini-papagaios a que chamam - os inseparáveis do Niassa. E é assim que eu lhes prefiro chamar. Os inseparáveis do Niassa.

Eles têm cerca de 15 cm de comprimento e nem sei se são periquitos ou são papagaios, pois já lhes ouvi chamar as duas coisas. Mas sejam eles o que forem, sei que são penudos, lindos e amorosos.

E mais importante ainda, eu tenho uma história com eles - a história dos agapornis, os meus primeiros amigos de Marrupa.

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Agapornis - os inseparáveis do Niassa

Um dia, a 06.04.1968, cheguei a Marupa, cerca do meio dia. Fui visitar o Bar, o edifício do Comando, o Posto de Rádio, cumprimentar amigos e almoçar. Quando dei pela fé era noite e fui jantar. Quando me quiseram fazer a cama, pedi para me colocarem um colchão no chão no topo da camarata, afastado das camas da rapaziada. Não era necessário montar a cama, nem sequer, rebocar o colchão. Um colchão e uma manta azul mas creio que ainda colocaram os lençóis.

Quando começava a dormir, recebi uma visita inesperada. Havia um tipo que tinha uma ratazana branca e, sem pedir licença, ela foi ter comigo. Quando senti os bigodes do rato, debaixo do meu queixo, agarrei a manta com as duas mãos, dei-lhe um safanão e mandei o rato pelo ar para os fundos da camarata. Ouvi uma voz: «o gajo matou-me o rato»! Mas não matei nada. Tudo amainou e o desgraçado do rato não se deve ter achado nada meu amigo. Mas a culpa foi dele!

No dia seguinte instalamos a minha cama onde eu queria - no Posto de Rádio. Sentei-me na cadeira de trabalho, procurei sintonizar os emissores e os receptores o melhor possível, comuniquei com Nova Freixo, Nampula e Vila Cabral e senti que estava operacional, eu e as máquinas.

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São uma beleza e adoram-se uns aos outros e os donos

Num ápice e sem dar por isso, senti algo pousado nos meus ombros e a brincarem com os meus caracóis. Eram dois bichinhos desses. Dois penudos. Virei-me para o meu companheiro Melo, um cabo-verdiano que depois de Moçambique nunca mais vi e disse: "o que é isto pá! De onde apareceram estas coisas"? «São os meus periquitos, deixa-os andar que são nossos amigos».

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Não sabia como chamar-lhes e eis os agopornis

Fiz uma festa aos periquitos e eles todos encantados, saíram pela janela fora e atravessaram o arame farpado para o mato. Foram comer ao mato porque, dentro de algum tempo, lá estavam eles à fossanga nos meus caracóis e ver se lhes tocava alguma gludice. E assim foi durante alguns dias até desaparecerem. Hoje descobri o nome oficial desses periquitos ou papagaios e por isso os coloco aqui, os meus amigos agapornis. E hoje percebi, também, porque lhes chamam os inseparáveis do Niassa. Porque eles foram umas belezas que iam para o mato e voltavam para estar connosco no posto de rádio durante dias. Depois desapareceram para sempre. Devem ter ido tratar da vida deles nessa bela terra que era deles também.




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral