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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Ventor entre as Flores

17.05.10

Caminhar no rio Lizandro, Maio de 2010


Quico e Ventor

Mafra já está a ganhar, para mim, o estatuto de, "o recanto do nosso jardim"!

Ou então, o estatuto de a "Vitoriosa", nas caminhadas de alguns, já "rançosos", Duros do Niassa.

 

Uma caminhada por Mafra e subúrbios, em 16 de Maio de 2010

 

No meio do Lisandro, entre a luz e a sombra
 
 
 
 
No meio do Lisandro, caminhando rumo à margem direita
 
 

Mas não esqueçam que o nosso "ranço", é o "ranço" dos anos, um "ranço" puro e especial! Mas, apesar do "ranço" dos anos, não somos , ainda, "rançosos" do espírito.

Como já tenho dito, o nosso espírito é um espírito limpo, um espírito puro. Puro como as águas cristalinas da serra de Soajo. Aquelas águas que brotam na Fonte da Naia, na Fonte do Muranho, na Fonte da Corga da Vagem, na Fonte das Forcadas e, outras. O nosso espírito continua a fluir em linhas rectas ou em linhas sinoidais, tal como fluía nas terras altas do Niassa onde, algumas vezes caminhávamos sonhando sobre as nuvens. Nessa altura, não sonhávamos com Mafra, com Alfundão, com a Ria de Aveiro ou S. João da Madeira, com Massamá e outros locais, por onde os duros do Niassa tinham o seu coração.

 

 

Rodando nas águas do Lisandro

 

 

Nas veigas floridas do Lisandro

 

Sonhávamos, isso sim, com as soleiras das nossas portas e a "green, green, grass of home".

Hoje sonhamos com os grandes Planaltos do Niassa, o lindíssimo Norte de Moçambique, com os seus horizontes longínquos, com as suas machambas em redor das suas vilas e cidades, como era em Vila Cabral, aquele circo de machambas em seu redor. Continuamos a sonhar com Nova Freixo e o AB6, com o morro do Elefante, com o rio Lúrio e seus afluentes, com a zona das nascentes do rio Messalo, as águas mais límpidas que vi em Moçambique e que vi correr entre rochas, com cachoeiras como via pelo norte de Portugal. Estive lá, algum tempo parado a aperceber-me que, afinal, em África, as águas cantarolavam como continuam a cantarolar, por aqui, nos nossos rios. Aquelas águas lavaram-me os ouvidos apenas com o seu som!

Mas agora, quando nos juntamos, fazemo-lo para sacudirmos o tal "ranço" da caminhada dos anos. Olhamos, observamos, rimos, sonhamos! 

 

 
 
Na margem direita do Lisandro, um monumento aos trabalhos dos homens
  
 

 

Este tritão, observa-nos e sorri da minha teimosia, em fotografá-lo, lá em baixo, com os pingos da água a socorrê-lo para que nós não fiquemos mais fascinados por ele. Na janela de cima vive o tritão, como uma moura encantada, solitária

 

Desta vez, tudo aconteceu porque o Alex queria vinho de Mafra, ... queria o vinho do Checa e nós lá fomos no encalço do grande Convento, dos trilhos por onde caminhou D. João V, nos espaços por onde vai caminhando o Checa, a Teresa (a "rainha mãe") e os seus príncipes, não esquecendo a beleza de Mafra e dos seus subúrbios.

Sim, porque se já tenho falado de Mafra, do seu Convento e dos seus jardins, desta vez darei um cheirinho sobre os subúrbios de Mafra, especialmente, das belezas que envolvem Mafra, como o rio Lisandro e seus afluentes.

 

Eu estava habituado, desde há muitos anos, a passar sobre as pontes do rio Lisandro, a ver nichos das suas hortas instaladas nas suas margens. Mas apenas via!

 

 
 
As perdizes que decidiram imitar o Ventor, nas suas caminhadas
 
 

 

A minha linda rola que eu tinha confundido com um gaio, devido à beleza do leque do seu rabo aberto e porque, ela, não é uma rola turca, mas sim, uma das minhas belezas de há muitoas anos, por Adrão e depois por Moçambique, especialmente, Vila Cabral - a rola comum, a nossa rola brava!

 

Desta vez, o Sérgio, o filho mais velho do meu amigo Checa, quis surpreender-me e desafiou-me para ir até ao rio. Eu pensei que íamos de carro até um local determinado onde espreitaríamos o rio. Mas não! Fomos de jipe! Descemos a ladeira até ao rio, largamos o jipe e demos uma pequena caminhada que deu para, apressadamente, observar in loco, a pé e de jipe, as belezas de um troço do Lisandro. São veigas ricas, cujas culturas crescem a conversar com o rio. Ali podemos assistir ao trabalho da Natureza e do homem a envolverem a caminhada do Lisandro. 

 

Mas, essa pequena caminhada, deu para pisarmos novas pontes. Pontes de esperança! A esperança que as gentes de Mafra e arredores, têm em teimar a continuar de mãos dadas com o Lisandro. E as pontes, como todos sabemos, para além de outras coisas, levam-nos para renovarmos a aragem na outra margem.

Vejam só!

 

 
 
Uma caminhada, sobre uma das pontes do Lisandro

 

 
 
Mais outra ponte sobre o Lisandro

 

Essa pequena caminhada deu para ouvirmos os peixes saltar à superfície da água e, deu também, para os meus olhos subirem e descerem as encostas que se debruçam, mais lenta ou mais abruptamente, sobre o rio Lisandro e as suas hortas cheias de culturas da época.

Mas a tarde começava a esgotar-se e o Alex e a família tinham de regressar a S. João da Madeira com as suas preciosas garrafas. Mas o tritão no local do tanque de lavar a roupa, a beleza da "minha" rola que, inicialmente, confundi com um gaio e depois as perdizes, foram-nos atrasando a caminhada da subida e, quando chegamos, a malta do Norte já tinha sumido com a pressa de apreciar as garrafas no seu novo local - a garrafeira do Alex. 

 

Mas a caminhada foi longa. Foi uma caminhada de sábado e domingo, longa mas curta, porque o tempo é sempre pouco e, no sábado, tivemos o prazer de conhecer mais um duro do Niassa, das "gerações" que nos substituíram e a quem foi incumbido "fechar" a Porta de Armas do AB6.

 

Obrigado amigo pela oferta do DVD com as fotos das terras com que todos continuamos a sonhar, das terras de que todos gostamos e gostamos porque, todos saímos de lá com a consciência tranquila.

Por isso, exibimos sempre o amor que sentimos pelo Niassa, o amor que sentimos por Moçambique, o amor que sentimos pelas suas gentes.

Queiramos ou não, fazemos parte da História. Fizemos História! Todos! Os primeiros a chegar, os que continuaram e os que partiram!

 

 
 
Ovelhas e cabras, que caminham ao lado do Lisandro
  
 
 

 

Andorinhas, nascidas este ano, ao lado do Lisandro

 




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral

17.05.10

Mafra e o vinho do Alex I


Quico e Ventor

Mafra é uma terra com muitas flores.

 

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Há muitas flores por Mafra. Elas são companheiras das nossas caminhadas

 

O seu jardim, frente ao Convento, sempre que lá vou, oferece-me rosas. Rosas de várias cores e, estão sempre a pedir-me para não me esquecer de as trazer comigo. Claro que eu não me faço rogado!

Deixo o Maralhal na pastelaria da esquina, frente ao Convento, levo o carro para os espaços livres, frente ao Convento, venho beber o café por um lado e vou buscar o carro pelo outro mas, sempre a disparar! Click, click, click ... e venho cheio de rosas! Depois seguimos para o nosso destino e, como há flores por todo o lado, até nas escadas do Checa, continuo com os clicks.

 

Mas Mafra tem flores especiais, tal como esta minha amiguinha branca!

 

 
 
 
Uma amiga para valer, a nossa jumenta de Mafra

 

Quando era pequenino, em Adrão, tinha um amigo desses. Era o burro do ti Silva. O burro do ti Silva, dava horas para mim. A minha irmã dizia-me: "ouves? O burro do ti Silva está a dar horas para irmos embora"!

Esta nossa menina ou chama por mim ou, então, diz ao espanhol que o instrumento de sopro que ele utiliza, não presta, que ela é muito melhor que o seu belo instrumento.

Claro que o espanhol, com 83 anos, segundo me diz o Checa, fica danado! Não admite, pelos vistos que, uma jumenta de Mafra, consiga melhor som que o instrumento dele.

 

Mas, a nossa flor especial de Mafra é de facto, um encanto e prepara-se para nos mostrar o seu rebento. Sim, porque ela vai dar à luz um rebento que, um dia, vai receber o Ventor à chegada.

Quem me dera, linda jumentinha que, um dia, concorresses a uma eleição para o nosso Parlamento. Então, o povo português, viria a saber a diferença entre burros autênticos e manhosos e uma jumenta de Mafra.

 

Mas, nas minhas caminhadas, há sempre peripécias. Aqui ou ali, elas aparecem. Resolvi deixar o Maralhal na conversa e fazer uma pequena caminhada. Encontrei o Louco da Malásia, no carro, e perguntei-lhe se queria ir comigo, pelo menos, até ao fundo da rua.

Ele saíu e começou a andar. Disse-lhe: "não te esqueças que não é só ir. Também tens de voltar. Calculas o espaço do retorno e, quando quisers, voltamos".

 

 
 
 
Foi o vinho do Alex que nos levou a Mafra

 

Conversávamos, olhei um muro e vi um caracol. Apontei a máquina, fiz click e disse: "este vai comigo"! Segui e, o nosso louco especial, ficou para trás a observar o caracol.

"Anda lá pá" - disse eu!

"Sabes uma coisa" - disse ele. "acho que não vou ser capaz de acompanhar este gajo. Ainda me obriga a acelerar e, então, é que não há retorno possível"!

E continuou: "não me atrevo a fazer uma caminhada com um caracol disposto a acompanhar-te. Mas, está frio e vou buscar o blusão ao carro". Como ele já estava a 30 metros do carro, pensei cá para mim: "já está a iniciar o retorno"!

 

E lá fui eu à procura de sardões, cobras, flores, ... e, estirar as pernas, nos subúrbios de Mafra. O Louco da Malásia sentiu o conforto dos bancos do carro e já não saiu de lá, com ou sem blusão.

Cobras e sardões não vi, mas a Tina e não sei quem mais, viram um, no dia seguinte, no domingo. Já sei que há ali um ou dois, devido aos telhados onde é visto ou são vistos. Fica para a próxima.




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral