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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Ventor entre as Flores

08.12.07

Amigos de Sempre


Quico e Ventor
O Ventor dizia-me há dias que, quando no verão passado, passava entre as montanhas Cantábricas, tinha a sensação que ouvia sair daqueles buracos de séculos, os sons das trombetas de outrora. Que sentia no rodado das estradas das Astúrias não as botas cardadas do seu tempo, mas o som do tilintar das espadas dos companheiros de guerra do seu amigo Pelágio.
De cada encosta que se debruçava sobre os belos vales asturianos, saíam escondidas do meio das suas rochas as trombetas das forças de Pelágio e os gritos da balbúrdia dos seus homens que apelavam à vontade do Senhor da Esfera para os ajudar na luta contra os sarracenos que violavam a terra sagrada de seus avós.                                                                                                                 
 
Sempre bem dispostos e preparados para enfrentar as melgas
Agora o Ventor diz-me que os sons que sente, são outros! São os sons dos clarins que os cipaios tocavam ou mandavam tocar, nas savanas, em redor de Nova Freixo (actual Cuamba), em Moçambique. Diz o Ventor que a alvorada deles era a sua alvorada e que os jacarés do rio Lúrio e seus afluentes também acordavam ao mesmo toque.
 
Sempre aptos para prosseguirmos a nossa caminhada
 
O Ventor disse-me que hoje pressente esse toque como um apelo à unidade. À unidade dos “Duros do Niassa”. Ele diz-me que hoje aqueles que viveram esses tempos no norte de Moçambique, necessitam tanto dessa unidade como nos tempos passados. Diz-me também que o nosso amigo Apolo continua a iluminá-los tanto cá como os iluminou lá. A sua luz é eterna para todos aqueles que tiveram a união do combate! Ou, se quisermos, pelo que entendo do Ventor, todos podem continuar a manter os sorrisos de outrora desde que se encontrem por este país fora e continuem a sorrir mesmo quando a vida semeia à sua frente dificuldades que neste país é coisa que não falta.
 
Sempre preparados para o trabalho, para os nossos cigarros e os nossos copos
E o Ventor continuou a sua conversa comigo:
«Agora, Quico, tocou o clarim outra vez e, ao ouvir o toque do clarim, esse toque que nos chama à unidade, verifico com pena que nunca mais estaremos todos!
Cada vez, somos menos, cada vez que Apolo nos espreita, sempre que rodamos à sua volta, poderemos ser menos! E, por isso que cada vez estaremos mais compactos. Mais unidos! A nossa união será mais a da lembrança do passado, o clarim da presença.
Sempre prontos para o combate contra inimigos sem fim. Melgas e percevejos, sempre presentes, mas o inimigo estava por todo o lado. Por isso alguns tombaram mesmo fora do campo da batalha
Há dias, senti presente no meu coração os meus amigos de sempre. Senti o apelo da presença e para isso tens contribuído tu Quico!
Há pouco tempo tive o grato prazer de ter a companhia de alguns dos meus amigos de sempre, daqueles a quem chamo “meus companheiros de guerra” aos quais nunca esqueci. Verifiquei que os seus cabelos estão brancos, as suas barbas estão brancas, as suas rugas mais profundas. As minhas também!
 
Sempre preparados para mais uma arrancada, mesmo quando de bruços
 
 
Mas os nossos corações não mudaram nada! Estão mais velhos, talvez envolvidos por arritmias ou por pancadas descompensadas, mas todos nós continuamos com os mesmos sorrisos de outrora.
É com o coração com esse mesmo coração e com um sorriso, desta vez triste, que deixo aqui a minha homenagem a um amigo desses tempos, a um amigo que partiu mais cedo. Mais um!
Até qualquer dia Puskas.
Mas antes que essa tristeza nos tocasse, também nos tocaram as alegrias do convívio de alguns de nós.
Tive o Prazer do convívio do mais “Louco” de todos os loucos;
Tive o prazer do convívio daquele que será sempre o nosso Cheka;
Tive o Prazer da companhia do mais "valente" dos valentes;
Tive o prazer do convívio de um amigo que não via há 37 anos, o Antunes;
Tive o prazer de falar, por telefone, com o nosso “Pescadinha” que estava longe, em Luanda e com o Coutinho, aqui mais perto, nos arredores do Bombarral.
O nosso amigo “Louco” deu-lhe na “gana” de fazer uma chamada às 10 e tal da manhã e conseguiu juntar quem foi possível estar presente, em Mafra, durante a tarde e uma parte da noite. Ele veio do Alentejo e o Antunes veio do Porto, onde tinha chegado vindo daquela linda terra que fora nosso palco de guerra, noutros tempos. Moçambique! Hoje será para muitos de nós, um palco de paz. Isto, só por si, mostra a grandeza e a força dos nossos laços.
Da próxima vez, estaremos, certamente, mais e, acredito, que será o Antunes a levar o nosso abraço a Moçambique.
 
 E quantas vezes nos céus de Moçambique a esperança de rumo para um amanhã diferente



O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral