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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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08.10.05

Ainda os Leopardos


Quico e Ventor

Belezas inesquecíveis

 

Diz o Ventor que não pode deixar esta maravilha da Natureza apenas pelo seu encontro com aquelas beldades de Marrupa.

Como diz o Ventor, todos os animais são belos mas, como tudo na vida, há uns que são mais belos que outros.

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Apesar de a sua segurança não ser absoluta, as árvores são o melhor refúgio dos leopardos

«Contudo, aqueles primeiros encontros, com o leopardo às quatro horas da tarde de um belo dia de sol e, depois, mais tarde, com a pantera negra às duas da manhã, foram muito importantes para mim.

Foi a primeira vez que, num local do fim do mundo, me encontrei frente a frente, com um leopardo sem grades entre nós e isso deixou-me extasiado no meio de tanta beleza e, ainda por cima, me deu a oportunidade de o contemplar atempadamente. Tive tempo para olhar bem aquelas formas harmoniosas de onde saltavam sobre aquele pêlo dourado, as manchas negras e brilhantes que o tornam o bicho mais apetecível do mundo aos olhos daqueles que só pensam em satisfazer o seu ego cheio de avareza ao ponto de não se importarem se os leopardos continuarão a preencher o espaço que lhe foi reservado, a nosso lado, pelo Senhor da Esfera.

Aquele leopardo olhando-me perscrutava o meu rosto, profundamente, e eu senti que ele me olhava, olhos nos olhos, tal como eu o olhava a ele. Mais tarde, com a pantera negra, já foi diferente. O medo do Tavares e a pressa de atropelá-la com o jipe, tirou-me essa oportunidade de nos apreciarmos mutuamente e com mais pormenor. Ali no contraste do luar e da sombra das árvores, misturados com a falta de tempo, não houve possibilidade de nos observarmos muito melhor. Deu, no entanto, para ficarmos com a certeza de que as panteras negras eram reais, caminhavam e, provavelmente, ainda caminharão a nosso lado.

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Como é lindo o leopardo

Diz também o Ventor que o leopardo descansa nas árvores onde se protege dos seus concorrentes perigosos, onde o leão é o mais temível. Na árvore, o leopardo faz um observatório de caça, faz a despensa e, faz o seu último reduto, quando ameaçado pelos leões. Mas, como em tudo, não há nada definitivo.

Há leoas tão ágeis que conseguem trepar às árvores quase tão bem como o leopardo e que, chegam não só a roubar-lhe a presa como, por vezes, até o expulsam da própria árvore, atacando-o ali e, o leopardo, não tendo para onde trepar mais, é obrigado a saltar, ficando assim exposto aos leões que, por baixo da árvore o esperam.

Houve um grupo de cientistas que viram isso acontecer e viram os leões atacarem o leopardo que ficou tão ferido que tiveram de intervir para o ajudar, evitando que fosse desfeito pelos leões. Mas, o leopardo ficou tão mal tratado que apanhou uma infecção e ficou muito doente. Dois ou três dias depois, encontraram-no combalido, cheio de fome e sede e sem forças para caçar.

Ofereceram-lhe água e ele aceitou. Ofereceram-lhe carne e ele também aceitou, comendo-a ali perto deles. Saciada a sede e a fome, o leopardo olhou-os como se lhes quisesse agradecer a refeição e caiu morto para o lado.

Agora, diz o Ventor que é necessário continuar a fazer algo em defesa dos leopardos. É uma luta que vem já da última metade do século passado, o nosso célebre século XX. Em meados do séc. XX, chegaram a ser exportadas, ilegalmente, de África, só num ano, por caçadores furtivos, para a Europa e a América, cerca de 50.000 peles de leopardo. Para se alimentar, o leopardo ataca primatas, fococheros e outros roedores e o seu desaparecimento em determinadas áreas permitiu que estes animais se reproduzissem muito mais, originando um grande desiquilíbrio ecológico, levando-os a destruir grandes extensões de colheitas que tanta falta fazem para o seu povo.

O World Wildlife Fundo, uma organização mundial que se tem destacado na defesa dos animais selvagens em risco de extinção, ao tempo presidida pelo Príncipe Bernardo da Holanda, escreveu a presidentes de vários países do Mundo a pedir-lhes para proibirem a importação de peles de leopardos e gatos pardos ou chitas. Isso levou o Canadá a proibir a importação dessas peles e, de seguida, o então Presidente dos Estados Unidos a apresentar um projecto de lei que pedia à Câmara dos Representantes que proibisse a importação de peles de todos os animais em vias de extinção. Assim, a partir de meados do século XX, alguns países têm estado a travar uma luta na defesa destes belos animais que, pela cobiça humana da sua pele para adornar alguns seres camafeus que nada valem, como diz o Ventor, correm o risco de desaparecer para sempre do nosso convívio.

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 O leopardo é um animal para todos os terrenos

O que faz com que os animais selvagens sejam extintos do nosso convívio são as grandes caçadas descontroladas por gente sem escrúpulos que apenas pretendem exibi-los como troféus da vida estéril que levam ou com o objectivo de arrecadar mais umas pequenas fortunas para melhor continuarem a propagar a sua estirpe pérfida na luta contra o equilíbrio de que este planeta tanto precisa.

E isto é feito por gordos e anafados senhores que nada fazem e são alimentados de estupidez e de pequenas ou grandes heranças que desperdiçam a matar felídeos e outros animais que igualmente correm perigo de extinção. Os felídeos, nas suas escaramuças permanentes, conseguem manter o equilíbrio entre eles. Eles próprios se matam uns aos outros e se o mais fraco não consegue matar o mais forte, pode matar as suas gerações mais novas, resultando daí o fatídico equilíbrio natural.

O leopardo é o animal que mais se adapta ao meio ambiente e, não sendo apenas o mais belo predador dos grandes felídeos, é também o que ocupa maior área, que vai desde o nível do mar ao cume das montanhas, resistindo em toda a espécie de meios, tanto, em África, como em toda a região sul da Ásia (China, Vietname, Malásia, Índia, Pérsia, Indonésia e outros). Por curiosidade, os leopardos das selvas, chegam a pesar 100 kg, os do deserto, 60 kg e os da savana cerca de 80 kg.

Terá sido um animal desta compleição que esteve frente ao Ventor, que hoje também tem 80 kg e, às vezes, vou dar com ele na casa de banho a olhar o espelho e a perguntar-se, como fazer para derrubar outro animal com três vezes o seu peso! Ele pode arrastar até 200 kg de peso e trepar uma árvore com 120 kg.

Eu digo-lhe que, sou gato grande mas não sou tanto e, por isso, talvez fosse melhor voltar a Moçambique, Niassa e, talvez os seus amigos lhe ensinem como fazer. Mas o Ventor tem resposta para tudo ou quase e disse-me que, de todos os animais do seu tempo e, que ele conheceu, já não haverá um único para pedir desculpas às famílias de uns e poder dizer a outros, como os leopardos que viu, quanto foi feliz entre eles.




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral