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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Ventor entre as Flores

06.08.05

Hienas, em Nova Freixo


Quico e Ventor

Hienas malhadas, as belas amigas do Ventor!

Uma história com o Ventor, em Nova Freixo que contou ao vosso amigo Quico.

Imaginem-se a ver o AB6 (Aeródromo Base 6) quase de noite!

Quando o Ventor caminhava, nos Trilhos da Guerra, por terras de Moçambique, passou, no início, dois meses, em Nova Freixo, no AB6, antes de partir para Marrupa, a 06 de Abril de 1968. Às vezes, estava de serviço, à noite e, nas suas proximidades, apareciam três fabulosos animais africanos.

- Os leões, que roubaram duas vacas guardadas dentro de um redondel, com uma paliçada de tábuas de 2,10 metros de altura, terminadas em forma de lança. Eles andavam por ali e os seus rugidos chegaram a colocar em polvorosa muitos dos habitantes das machambas dos arredores de Nova Freixo.

 - Os leopardos que colegas do Ventor chegaram a ver junto aos aviões, num local onde tinham de passar de noite, junto ao término da luz dos holofotes. Saíam do hangar onde dormiam para o espaço em frente onde, ao relento, ficavam os aviões. Encostavam-se ao arame farpado e só depois entravam no arame farpado, seguindo para o bar, as restantes camaratas e o edifício do Comando.

O AB6, em Nova Freixo em 1968-1970

 - As hienas que choravam fora do arame farpado atirando para o ar os seus gritos típicos que tão bem se ouvem nas belas noites africanas, diz o Ventor que, ainda hoje, quando ouve o som das hienas, em algum programa de TV, recorda estas belas amigas e as suas caminhadas reais.

Numa tarde de descanso, o Ventor e alguns amigos, decidiram ir até à vila de Nova Freixo onde acabaram de ficar para jantar, pela noite dentro e em festa. Foi uma festa onde só pararam quando constituíram as iniciais da Força Aérea Portuguesa "F.A.P.", em que só cada pontinho tinha quatro garrafas de cerveja de litro, as célebres bazucas!

Como o Ventor sempre gostou de caminhar e, como o Maralhal sempre está disposto a beber mais um copo, disse aos amigos que ia andando até ao batalhão de Nova Freixo, onde eles o apanhariam com o jipe para atravessar aquele espaço terrível, escuro na área central, até à Força Aérea.

Era de noite e de noite não se brinca com animais selvagens!

Estavam todos com os copos e, nesse dia, o Ventor não era excepção e, chegando ao batalhão, vendo que os outros não vinham com o jipe, nem sem o jipe, foi andando devagar e começou a faltar-lhe a paciência para a espera. O jipe não chegava para o pegar até à Força Aérea e ele foi andando sempre, mas de noite, só e desarmado, era muito arriscado mas, como devem saber, com os copos, não há riscos!

Ora a impaciência é inimiga do bom senso e a copofonia era mais poderosa que a paciência, o Ventor deitou o resto do bom senso que lhe restava fora, arriscou fazer a travessia só, pensava ele, mas teve a belíssima companhia de um grupo de hienas que lhe massacraram os ouvidos com a sua tão célebre choradinha!

Hiena, de olho na presa

Foto tirada da Wikipédia de autoria de Liaka ac. This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 2.0 Generic license

Na escuridão, fora do alcance das luzes do exército que deixara para trás e longe das luzes da Força Aérea, ainda muito lá para diante, o Ventor foi acompanhado pelas hienas e, algumas vezes, quando tropeçava e caía nos buracos da picada descontrolado pela cabeça toldada pelas laurentinas e os whiskies, elas cercavam-no mas, mal ele se levantava e insultava as hienas com os belos nomes tão utilizados, persistentemente, nas nossas estradas, ao mesmo tempo que abria os braços em tom ameaçador, elas afastavam-se espavoridas para voltarem à carga seguindo atrás, pelo mato à esquerda e pelo meio do milho à direita, sempre ameaçadoras. 

Depois, já mais perto da Segurança da Força Aérea, junto à Porta de Armas, o soldado da Polícia Aérea, de serviço, ouvia o barulho das hienas e alguém a mandar vir com elas, mas o sentinela, receoso de fazer fogo para o ar, não fossem os seus colegas abrir fogo para o local, manteve o sangue frio suficiente, assistindo ao barulho das hienas e ao "fora daqui, suas ..."

 Hiena de olhar matreiro

Foto tirada da Wikipédia de autoria de Yathin Krishnappa. This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported license.

Mas o Ventor, ao chegar à Porta de Armas, acompanhado daquelas belíssimas guarda-costas, enquanto houve escuro, olhou para trás e, não vendo nada, perguntou ao sentinela: "onde é que essas cabras se meteram"?

Hoje o Ventor, ainda se pergunta, a si próprio, porque será que as hienas não lhe quiseram dar umas dentadas!

Seria pela sua indiferença perante aqueles terrores de África, levantando-se sempre com os braços abertos e a voz ameaçadora ou seria porque o corpo do Ventor estaria demasiado temperado de sabor a álcool e o seu bafo as desorientava?

Eu sei que ele gostava de saber e eu também!

Vejam no que dão os copos! O Ventor estava habituado a ir da vila para a Força Aérea de noite, às vezes por esse trajecto, o mais adequado e, outras vezes, ia direito às pistas, passando por tabancas onde, nos sábados à noite, os pretos dançavam a MARRABENTA, numa doidice tal que, chegavam com os pés, junto ao nariz do Ventor. Depois de sair do meio de toda essa euforia, ainda tinha de atravessar a pista, sítio por onde os leões, os leopardos e as "belinhas" das suas amigas, andavam à babugem de conseguir um bom jantar.

O Ventor diz que, hoje, não faria isso por dinheiro nenhum e eu, só de o ouvir, fico com este meu lindo fatinho peludo que o Senhor da Esfera me deu, todo arrepiado. Mas eu já há muito me apercebi que o Ventor deve ter tido uma tara qualquer. Mas não lhe digam, senão estou lixado!




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral