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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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15.02.11

Cabora Bassa ou Cahora Bassa


Quico e Ventor

Coloco aqui, no Shutterfly, algumas fotos de Moçambique, todas elas se reportam a uma caminhada que amigos fizeram entre Maputo, Tete, Songo, a Barragem de Cahora Bassa e Chitima. Como não poderá deixar de ser, não vou deixar de fora descendentes de velhos amigos que um dia tive por Moçambique.

 

A barragem de Cahora Bassa (em língua nhungé, significa, o fim dos trabalhos), é o símbolo da vontade e da determinação que, no século passado, Portugal e o povo português, tiveram no desenvolvimento daquele grande território a que um dia, os homens, deram o nome de Moçambique.

 

Moçambique, é um velho território e um dos mais jovens Estados de África que obteve a independência de Portugal após 10 anos de uma guerra de guerrilhas, a guerra do "bate e foge", após a Revolução de Abril de 1974.

 

 

Aeroporto de Maputo, antiga Lourenço Marques, um centro de grandes caminhadas de portugueses e de moçambicanos que por ali transitam, também, nas suas caminhadas de sonhos, para cá e para lá, para lá e para cá

 

Para infortúnio de Moçambique e por ganância política, de incompetentes, influenciados e orientados por comunistas e capitalistas das grandes potências internacionais, bem pior do que a guerra do "bate e foge", os moçambicanos desgastaram-se em guerras intestinas que esventraram o país e o paralisaram, transformando o seu povo num dos povos mais pobres deste planeta, segundo estatísticas das Nações Unidas. E é pena! Autodestruíram as suas capacidades de produção, do tempo do chamado colonialismo português e, de um modo geral, pelas províncias de Moçambique, o seu povo genuíno, nascido e criado longe das chamadas "centrais internacionais", continuou na sua "tanga" de séculos, à espera de melhores dias.

 

 

Um dos muitos amigos que, em tempos, eu deixei por Moçambique. Ele e muitos outros, fazem parte das memórias das minhas caminhadas pelo trilhos do continente mágico

 

Também nós por cá, com o dito 25 de Abril, sofremos das mesmas influências dessas mesmas "centrais", de onde mentecaptos trouxeram novas ideias de produção, desfazendo o pouco que possuíamos, através de sistemas caducos em que só acreditavam aqueles que quiseram destruir para voltarem a construir a seu modo e mando. Ficamos de tanga e a chamada Libertação, apenas nos trouxe a chamada liberdade a nós e aos novos países africanos mas, sempre, nós e eles, numa rampa de plano inclinado em todos os campos da economia. 

Felizmente, que o povo português não era constituído pelos tansos que essas gentes esperavam e, com o brio proporcionado pela tão apregoada liberdade, acabaram por recolocar essas abencerragens políticas no lugar que, só em nome da dita liberdade, eles mereceram.  

 

 

Por entre estas montanhas escorre o rio Zambeze, rumo ao Oceano Índico. Entre elas, foi construída uma das maiores barragens do mundo, Cahora Bassa, cujos estudos iniciais terão começado com o levantamento cartográfico desta área do Zambeze, levado a cabo, noutros tempos, por voos aéreos  realizados por Gago Coutinho

 

Sempre, por aqui, me ouviram dizer bem de Moçambique e do seu povo e só lamento que os seus políticos continuem a bater na tecla da libertação do papão colonial, tal como a propaganda política fez quando do negócio da passagem da maioria do capital de Cahora Bassa para a soberania do Estado Moçambicano. Até dá a impressão que o papão português era o seu grande inimigo .... mas, Moçambique, está, de facto, cheio de papões que se escudam na sombra colonial. Portugal foi substituído por outros colonizadores da conveniência dos "dictacts" políticos daqueles que, em nome de Moçambique, se assenhoraram do seu território e das suas gentes. Pelo que sei, de muitas conversas destes últimos anos de tréguas, o amor do povo de Moçambique por Portugal e pelos portugueses, pouco ou nada tem a ver com a mensagem deixada pela classe política de Moçambique como se notou quando da entrega de Cahora Bassa.

 

 

Nesta barragem de Cahora Bassa, foram utilizados, na sua construção, 600.000 m3 de betão, sendo, nessa área, a maior de África

 

Mas os anos destroem tudo, ou então, se preferirem uma notação mais soft, os anos destruirão tudo o que haja de negativo entre os moçambicanos e os portugueses e reforçarão a amizade que sempre perdurará nos nossos corações. Isto foi o que eu sempre notei desde que um dia deixei o território de Moçambique e, desde que, uma moçambicana, estudante, em Lisboa, por razões económicas familiares, teve de regressar a Moçambique. No meio dos seus amigos portugueses, onde teve algum tempo para sonhar e após alguns dias de tristezas, teve de partir na rota que outrora o Gama levara mas, na turbulência da tristeza da sua vida, no dia fatídico da partida, no Aeroporto de Lisboa, quando se dirigia para o avião, voltou-se para nós na velha varanda das despedidas que então havia virada para a pista e gritou lá de baixo: "Ventor, nunca te esqueças do nosso Moçambique"! Ela tinha percebido, em meia dúzia de dias que, a maneira como eu falava da sua terra, junto de si e dos seus amigos, só podia representar o amor puro, que trouxe no meu coração por Moçambique e pela sua gente.

 

 

 Trata-se de uma grandeza colossal, a maior barragem construída por Portugal, até hoje

 

Tudo isto, para vos dizer que, desde então, me tenho apercebido que, a tal guerra do "bate e foge", nunca foi suficientemente grande para inculcar ódio entre nós. Seria essa a génese da vontade que levara Portugal, então, a apostar muito do que tinha e podia, na construção dessa grande barragem que na língua do povo da região onde se integra, os nhungés, se veio a chamar Cahora Bassa, ao tempo, em português, Cabora Bassa.

Voltarei aqui para falar da tal obra.

 

 




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral

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