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O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

O Ventor em África

Foi assim, em 1968, em Marrupa, no Niassa. Ficamos os dois frente a frente, envolvidos por um mundo dourado

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O Vexilóide de Alexandre Magno

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Marrupa 68: foi assim que ele me olhou


Na rota do meu amigo Apolo com o vexilóide de Alexandre Magno e o mreu Leopardo


Em áfrica, tudo é grande e belo. Podem ver aqui o meu menu africano



Um PV2. Havia destes no Niassa, em operação. Bom dia Tigres onde quer que estejam


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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06.07.10

Na Rota do Tartaranhão


Quico e Ventor

Mas faltava o essencial para considerar ter realizado uma caminhada na Ria.

 

Veja as fotos aqui no Shutterfly

 

No domingo, o Alex, veio com a história de pedir a chave do portão a um amigo para levarmos o jipe até perto do mar, junto às dunas, área permitida, mas eu achei que o ideal, era deixar o amigo, o portão, o trilho e o jipe sossegados.

O que eu queria mesmo, era fazer uma caminhada que tivesse por bússola o som roncoso de Neptuno e para a realizar, bastava-nos seguir a rota do tartaranhão, em direcção ao mar. Foi o que fizemos!

Eu tinha esta caminhada em mente, desde 2008, e observava a rota do terraço do Alex, mas por infortúnios da vida ainda não tinha conseguido realizá-la! Desta vez tinha de ser. Metemos-nos a caminho e lá fomos sempre vigiados pelas belíssimas aves de rapina - os tartaranhões dos paúis. Creio ser assim que lhe chamam. São uma espécie de gaviões, mas até podem ser outras aves de rapina. Algumas parecem-me águias!

 

 

O cacto do mar, fonte de alimentação de muitos insectos

 

Caminhando rumo ao bosque, lá longe ouvia o som vitorioso de Neptuno a cantar a minha quadra preferida no que lhe diz respeito.

 

O mar enrola na areia,

Ninguem sabe o que ele diz.

Bate na areia e desmaia,

Porque se sente feliz!

 

Assim, ouvindo Neptuno enrolar-se na areia, fomos caminhando rumo a Oeste. Depois de atravessarmos campos da reserva agrícola lá do sítio, penetramos e atravessamos o bosque que nos levou até ao mar. Encontramos uma espécie de mini-lago que nos obrigou a retroceder pela esquerda e apenas porque não me apetecia molhar os sapatos. Mas daquela área, julgo que haveriam mais pocinhas de água, pois lá do interior do bosque chegavam-me sons dos tritões e talvez das salamandras ibéricas, todos em alvoroço porque, no seu meio, caminhava, lentamente, aquele que todos eles conhecem por Ventor e os seus amigos.

Os tartaranhões, gaviões, águias ou fosse o que fosse, mantiveram-nos debaixo de olho e no interior do bosque todos os animais estavam em festa, pois havia alguém que caminhava nele em sua honra.

 

 

  Uma larva de tritão com as suas guelras exteriores, um dos caminhantes anfíbios, pelos arrabaldes da Ria - foto da wikipédia

 

 

 

O tritão ibérico, talvez um dos caminhantes pelos arrabaldes da Ria - foto da wikipédia

 

O meu amigo Apolo tinha mandado estender uns tapetes dourados para a nossa passagem e conhecendo-me ele como me conhece, tinha dito aos tritões para nos barrar o caminho, pois não devíamos passar por ali sem pisar os seus belos tapetes. Ele sabe bem que eu prefiro os sítios dos tritões mas, ao mesmo tempo, sinto-me mal com os sapatos molhados. Por isso ele acaba sempre por ganhar!

Mas lá fomos por entre os matagais até atingirmos as dunas que nos deram acesso a Neptuno. Fosco, zangado, moribundo!

 

Mas eu, como sempre, pouco lhe liguei. Liguei mais às couves do mar, aos cactos do mar e aos meus amigos albi-negros-amarelos que se banqueteavam com flores carnudas, como esta e que também fazem parte das minhas belezas de sempre.

 

  

Uma flor a que chamam couve do mar - nas duna da Ria

 

 

O meu amigo abelhão, que me convidou para o lanche. Onde ele está, está o meu mundo

 

 

Mamangaba, Besouro mangangá ou Marimbondo mangangá, no Brasil, abelhão, vespa-de-rodelo, em Portugal. Besouro. Para mim é um besouro. Era assim que lhe chamávamos, em Adrão. E é meu amigo. O meu amigo albi-amarelo-negro. Mas cuidado! Não o ameace porque se o picar, não o faz uma só vez como a abelha. Vai picando enquanto puder!

 

Depois de observarmos a piscina de Neptuno e a sua fúria contra o areal, apreciamos as dunas e reiniciamos a nossa caminhada rumo a casa para voltarmos a caminhada para sul, rumo a Lisboa (mais precisamente, à Amadora).

Mas aquele bosque, além dos tritões e outra bicharada, é também zona de pica-paus. O avô do Tomás disse-nos que ouviu um a martelar no pinheiro e que se terá escapulido à nossa aproximação. Sem dúvida que os pinheiros estavam picados pois, debaixo das suas cascas proliferam as larvas com que os meus amigos pica-paus se alimentam.

 

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Sob as cascas das árvores, como pinheiros, carvalhos e outras, procuram os pica-paus as larvas do seu alimento

 

Depois, à saída do bosque, voltamos a caminhar nos terrenos agrícolas e uma ave de rapina, que se preparava para pousar num pinheiro, a nosso lado, fez uma grande algazarra por andarmos a caminhar nos seus domínios e lá foi sem me deixar fotografá-la. Também não queria nada com os paparazzi! Foi uma caminhada bonita e que nos deu motivos para virmos sentadinhos na viatura sem a chatice de termos de estar sentados. Depois de uma caminhada de mais de duas horas, soube bem sentarmos-nos e só sair à porta de casa.

 

Espero voltar a fazer mais uma vez esta caminhada para ter melhores conversas com os meus amigos tritões.

 




O Ventor e a sua amiga cegonha, 1969, em Vila Cabral

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